Home Ecologia Mais 50% da área do DF apresenta parâmetro alterado para qualidade da água e solo

Mais 50% da área do DF apresenta parâmetro alterado para qualidade da água e solo

by rafaelteoc

Por outro lado, o estudo do Serviço Geológico do Brasil indica que amostras com alteração para elementos como alumínio, lítio e vanádio não configuram um indicativo de existência de contaminação

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), por meio do Departamento de Gestão Territorial (DEGET) da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT), apresenta o Atlas Geoquímico da Bacia do Distrito Federal, que aborda assuntos pertinentes do campo da Geoquímica Ambiental, Geodiversidade e Geologia Médica.

Sob a supervisão técnica dos pesquisadores do SGB-CPRM Eduardo Viglio e André Luís Invernizzi, o estudo investigou a região, definindo os padrões geoquímicos, em que os elementos e compostos químicos podem existir em quantidades nocivas ou não nocivas aos seres vivos e ao meio ambiente. A estudante de Geologia e estagiária do SGB-CPRM Deborah Baptista também é autora da publicação.

“São coletadas amostras de água de superfície, água de abastecimento público, solo superficial, solo subsuperficial e sedimentos de fundo dos rios, com baixa densidade de amostragem onde uma amostra representa uma grande área”, afirma o pesquisador Eduardo Viglio.

O estudo foi criado com a intenção de elaborar um mapa geoquímico mundial com amostragem de baixa densidade. A definição de zonas nocivas à vida e ao ambiente pode permitir um melhor gerenciamento da ocupação dos espaços ainda livres. O conhecimento prévio dos padrões de distribuição dos elementos permite definir o grau de poluição causado pelo homem em áreas atingidas.

Pesquisadores investigaram quais elementos existem em quantidades que podem ser nocivas aos seres vivos e ao meio ambiente

Pesquisadores investigaram quais elementos existem em quantidades que podem ser nocivas aos seres vivos e ao meio ambiente

Os trabalhos foram feitos como suporte ao Projeto Levantamento de Geodiversidade do Distrito Federal. Foram coletadas ao todo 43 amostras de sedimento de fundo, 41 amostras de água de superfície, 41 amostras de solo Top e 41 amostras de solo Sub.

O alumínio, por exemplo, foi detectado em 90% das amostras de água superficial coletadas, com teores variando de 0,01 mg/L a 0,25 mg/L. As concentrações mais elevadas, acima do Valor Máximo Permitido (VMP) foram observadas em quatro amostras.

Apesar do grande número de violações existentes para os elementos alumínio, lítio e vanádio, elas não configuram um indicativo de existência de contaminação formal. Foram obtidas ao todo 74 violações nas amostras de água de superfície, 61 em sedimento de fundo, 182 em solo Top e 186 em solo Sub.

Altas concentrações obtidas nos sedimentos de fundo coletados indicam uma fonte poluente um pouco mais antiga. A presença de elementos químicos nos sedimentos demonstra que em algum ponto a montante da amostragem, uma fonte está sendo ou foi intemperizada e o sedimento está sendo transportado diretamente da fonte ou por meio de retrabalhamento no próprio curso do rio.

De uma maneira geral, mais de 50% da área do Distrito Federal apresentou violações dos parâmetros indicativos de qualidade para água superficial, sedimentos de fundo dos rios e solos.

As referências completas podem ser encontradas no atlas .

Altas concentrações presentes nas amostras de água indicam uma contaminação recente

Altas concentrações presentes nas amostras de água indicam uma contaminação recente

SGB-CPRM e sua contribuição social

O projeto busca, dentre outras contribuições, permitir uma ocupação mais racional e segura dos espaços rurais ou peri urbanos, diminuir a quantidade de possíveis atingidos em desastres repentinos e de doentes em envenenamentos crônicos por baixos teores ao longo de um tempo extenso de exposição.

Além disso, as pesquisas realizadas permitirão um planejamento de ocupação territorial mais eficiente, bem como mensurar danos geoquímicos causados por desastres naturais ou não nas bacias já estudadas.

A população local sofre impactos positivos como, por exemplo, pela informação de prováveis locais com alto teor de elementos químicos na água, solos e ou sedimentos que podem afetar as pessoas e ser prejudicial à saúde humana.

“O trabalho da coleta de amostras em vários meios, somados à análise de elementos a partir de uma única amostra, juntamente com a associação de estudos de Geologia Médica podem evitar a ocorrência de doenças e intoxicações ambientais”, conclui Eduardo Viglio.

Trajetória do estudo

O projeto, iniciado em 2003, já cobriu 40% do território nacional. Foram feitas ações durante o lançamento dos Atlas da Bacia do rio das Velhas, em 2011, da bacia do rio Subaé, em 2015, da bacia do rio Doce, em 2016, e da bacia do rio São Francisco, em Minas Gerais, em 2019.

“Disponibilizamos os dados digitais para que sejam feitos estudos complementares por parte de empresas e universidades”, explica Eduardo Viglio. O relatório sugere que sejam realizados estudos detalhados em alguns pontos para identificar se as amostras coletadas com padrões alterados são naturais ou antrópicas, bem como ações de monitoramento.

Créditos: Divulgação