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Angélica Alvim
O Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro, foi constituído como um alerta à sociedade para promoção de políticas públicas sustentáveis que promovam uma mobilidade integrada entre transporte público mobilidade ativa e uso do solo/desenvolvimento urbano.
Atualmente, o modelo de transporte individual sobre o carro vem crescendo cada vez mais. A última pesquisa do Origem e Destino de 2017 apontou para um crescimento do transporte individual e um pequeno decréscimo do transporte público. Trata-se de uma matriz que deveria ser invertida, deveríamos ter decrescido o uso do transporte individual e aumentar o uso do transporte público.
Isso significa que mais pessoas estão andando de carro. A pandemia, provavelmente assentou este problema já que o transporte público para muitas pessoas representa um risco de maior proximidade e contaminação. Como fazer para vencer esses problemas da cidade em que cada vez mais temos o problema da própria poluição que o carro representa, interferindo na saúde das pessoas, além dos congestionamentos que são gigantes?
Esse é um tema emergente para o futuro da cidade. É fundamental que as políticas públicas se voltem para incentivar o uso da mobilidade sustentável, ou seja, uma combinação entre mobilidade ativa e mobilidade por transporte público. Para isso, é preciso desenhar cidades sustentáveis com espaços públicos que permitam que as pessoas caminhem com maior segurança, principalmente redesenhando as nossas calçadas, de toda cidade, não necessariamente apenas do centro expandido, como tem sido o caso.
Outra política importante é ampliar a rede de transporte público de alta capacidade para que ela consiga atender mais pessoas das áreas periféricas, principalmente de municípios da região metropolitana e das áreas mais distantes do próprio município de São Paulo, permitindo que as pessoas se desloquem com mais facilidade de transporte público para as áreas onde tem maior oferta de atividades econômicas.
Uma terceira intervenção importante pública é estimular a nova centralidade, ou seja, uma distribuição mais equilibrada das áreas de atividades econômicas das áreas de trabalho/ emprego, para que os deslocamentos se tornem mais curtos. Por exemplo, a zona leste hoje é uma área que tem poucas atividades econômicas e muita população residente que se desloca diariamente, seja de carro, de metrô ou de trem para o centro da cidade ou outras áreas onde têm emprego.
É fundamental a conscientização da sociedade de um modo geral para os males provocados pelo uso em excesso do automóvel e pelo modelo de cidade que temos que se expande continuamente sem a promoção de políticas públicas que induzam a uma mobilidade ativa e sustentável.
Angélica Alvim é diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.