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O Papa Francisco e a água

by rafaelteoc

Antonio de Oliveira Siqueira

“[…] o acesso à água potável e segura é
um direito humano essencial, fundamental e universal,
porque determina a sobrevivência das pessoas, e, portanto,
é condição para o exercício dos
outros direitos humanos.” (Papa Francisco)

É certo que a Igreja tem como objetivo a evangelização dos povos por meio do anúncio do Evangelho, a Boa Nova (Lc 24, 47-48), teor que se propõe a dar uma vida digna às pessoas na condição terrena e com vistas na eternidade celeste. Conteúdo que produz referência e sabedoria para a arte do bem viver, para fornecer as condições para a felicidade das pessoas. Nesse sentido, como a moral católica também pretende cuidar do ser humano na vida terrena, as questões ambientais são incorporadas ao discurso e às ações da Igreja ao longo do tempo, mas, aqui, especialmente, chama a atenção a importância estabelecida às questões ambientais pelo Papa Francisco, por conta da Carta Encíclica Laudato Si’

Esse documento aborda o cuidado com a “casa comum” (LS, 1), “uma reflexão ampla, de perspectiva antropológica, em que a questão ecológica ocupa o lugar central” (SOUZA, 2016, p. 145). O Papa Francisco afirma claramente que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas, e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos”. Assim, privar os pobres do seu acesso significa “negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável” (LS, 30). As palavras de Francisco apontam para o fato de que a produção das riquezas tende a controlar e privatizar a água, tornando-a, no futuro, uma mercadoria geradora de sérios e grandes conflitos de ordem mundial, visto que, atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas enfrentam escassez de água e, até 2025, esse número deve chegar a cerca de 4 bilhões de seres humanos (SOUZA, 2016, p. 149).  Assim, sem o privilégio do acesso a uma fonte de água confiável, as pessoas mais vulneráveis ficam suscetíveis a uma série de doenças como, entre tantas, cólera e diarreia (CARVALHO, 2017, p. 8).

 

 Doutor em Ciência da Religião e mestre em Tecnologia Ambiental. Professor de Pós-Graduação no Instituto IATES e no Instituto Roko. Diretor da Prolab Ambiental. Conselheiro da ETIS – Educação, Transformação, Inovação e Sustentabilidade.

 

 

 

Referências Bibliográficas

CARVALHO, Wagner Francisco de Sousa. A Carta Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco: uma guia para sua compreensão. [s.l.]: Signis, 2017. Disponível em: http://signis.org.br/userfiles/multimidia/documentos/d9d375b3f80eda230a598f3285be821b.pdf. Acesso em: 26 dez. 2018.

FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Laudato Si’ – Louvado Sejas: sobre o cuidado da casa comum. São Paulo: Paulus; Edições Loyola, 2015. 

SOUZA, José Neivaldo. A Laudato Si’ na perspectiva do método: “ver, julgar e agir”. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 48, n. 1, p. 145-161, jan./abr. 2016.

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