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Instituto avalia que iniciativas de descarbonização terão que buscar novas formas de financiamento privado no pós-pandemia
Além da evolução positiva da matriz renovável no mundo, com queda nos custos de parques solares e ampliação próxima de 30% das instalações eólicas, é necessário que os pilares para um futuro sustentável para as próximas gerações permeiem transparência, inovações, inclusão, diversidade e geração de empregos. Esta análise de Cristina Pinho, diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), durante o 2º Fórum de Descarbonização 2021, ainda reforça que a transição energética é uma oportunidade para a cadeia de petróleo e gás, diante da criação de um novo portfólio de produtos, especialmente via mercado de carbono. O evento, que ocorreu na terça (14) e quarta (15), é organizado pelo Instituto e patrocinado pela Petrobras.
A executiva ainda indicou que é urgente o compromisso da cadeia de petróleo e gás para mitigar a deterioração da biodiversidade e do clima no planeta. Neste contexto, novas fontes de financiamento, de instituições privadas, serão fundamentais para desenvolvimento de iniciativas tecnológicas de descarbonização. “Trabalhamos para a aceleração das startups, integradas com a cadeia de O&G, para que ocorra o progresso de soluções sustentáveis. Desejamos reduzir o atual índice de 19% de emissões de gases de efeito estufa (GEE) da indústria de energia em escala global no comparativo com outros segmentos econômicos. Objetivamos o net-zero como signatários do Acordo de Paris até 2050”, analisa Cristina.
Autor de projeto em tramitação na Câmara para novos modelos de gestão e financiamento para energias limpas, o deputado federal Christino Áureo defende que as políticas públicas não podem ser dependentes da arrecadação de royalties, participações especiais e recolhimento de ICMS para atuar no contexto de transição energética. “Neste momento de aceleração das mudanças climáticas, precisamos analisar outras fontes de recursos financeiros para a descarbonização”, comenta.
Os debates sobre o artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê instrumentos para colaboração e certificação entre países para reduzir emissões, serão amplamente debatidos na COP 26, programada para novembro, na Escócia, segundo Jorge Peron (Gerente de Sustentabilidade da FIRJAN). Ele lembra que os mecanismos de ajuste de fronteira para o carbono, implementados pela União Européia, afetarão os segmentos de ferro, aço, alumínio, cimento e fertilizantes. “Os importadores europeus destes setores – intensivos em carbono – terão que comprar certificados equivalentes ao preço do produto. É a primeira proposta do tipo no mundo. Estados Unidos e Canadá pensam em implementar ações idênticas”, avalia.
Davi Bomtempo (Gerente Executivo de Sustentabilidade e Meio Ambiente da CNI) ressaltou que será priorizada a agenda de eficiência energética, o uso de recursos hídricos, a precificação de carbono, a conservação florestal e geração energética a partir de resíduos na conferência da ONU sobre sustentabilidade. O executivo reforçou a posição da Confederação contra a tributação do carbono.
A ação de acionistas ao cobrar sustentabilidade das empresas e engajamento de suas lideranças com a agenda ESG foi um dos tópicos abordados por Gustavo Pimentel (Managing Director da SITAWI). Ele citou que o “orçamento de carbono”, quanto pode ser emitido em CO2 para a atmosfera, é um desafio para ser dividido entre países e a iniciativa privada. “No caso de energia e petróleo, estudos indicam que a atual reserva de emissões de GEE até 2050, prevista no Acordo de Paris, faria com que cerca de 60% das reservas provadas para geração energética no mundo não possam ser exploradas”, indica.
Felipe Bottini (Sócio Fundador da Green Domus Neutralize Carbono) analisa que as responsabilidades das emissões devem ser compartilhadas entre empresas e governos. “É importante que ambos tenham seus inventários de carbono, bem como metas e instrumentos colaborativos para adaptação as mudanças climáticas”, aponta.
As agências de risco já incluem, desde 2019, a agenda ESG no rating para classificação das empresas, segundo Carla Albano Miller (Gerente Executiva de Relações com Investidores da Petrobras). “No caso da FITCH, por exemplo, 22% do peso das avaliações está relacionado ao ESG. Por isso, podemos perceber um aumento de 55% de crescimento em iniciativas e aquisição de ativos sustentáveis, entre 2016 e 2020, pelo mercado”, comenta