Renata F. Dalla Bernardina*
Por muito tempo, a visão mecanicista, que aborda a realidade em partes que supostamente compõem o todo, compreendendo-a de forma estática, teve forte influência na maneira como lidamos com o mundo que nos cerca, assim como com as relações humanas.
Contudo, diferente dessa concepção, o modelo sistêmico, que surgiu no século XX, trouxe à tona uma visão científica sobre a vida, que compreende o mundo como um processo, e não como uma estrutura estática, e que leva em consideração a espiritualidade, a subjetividade, a interação e a interdependência de seus elementos.
Vários acontecimentos, tais como a pandemia do coronavírus ou os movimentos migratórios mundiais, têm demonstrado que essa visão mostra-se cada vez mais verdadeira e relevante para compreendermos a vida em sua diversidade e complexidade.
As diferentes ciências também têm cada vez mais se interligado e buscado compreender as várias dimensões que compõem o tecido da vida, e, nesse cenário, a educação e a ecologia, de forma conjunta, estão inseridas e colaboram de maneira significativa.
A ecologia, por si só, constitui-se em uma ciência que busca estudar a relação dos seres vivos com o meio que os cerca, sendo, em essência, interdisciplinar. Além disso, as diferentes áreas com as quais interage apenas reforçam a compreensão de que a ecologia, cujo nome tem origem do grego – estudo da casa –, refere-se à casa considerando várias dimensões.
A partir dessa ótica, a ecologia, portanto, também pode ser vista não apenas a partir do estudo científico da distribuição dos seres vivos ou da história natural. Essa ciência passou a abordar, com maior ênfase, o modo com o qual lidamos com a “nossa casa”, de maneira mais abrangente. Vários ramos da ecologia exemplificam essa riqueza de abordagens, tais como: ecologia humana, ecologia social, ecologia ambiental.
A ecologia, portanto, tornou-se uma questão central para a humanidade, despertando para a necessidade de respeitarmos o meio no qual vivemos. Nesse sentido, a educação assume papel fundamental.
A educação confere aos indivíduos e às sociedades a oportunidade da formação e da transformação para lidar com o mundo, proporcionando uma postura que permita nele viver e intervir de forma a colaborar para a valorização da vida, em todas as suas dimensões.
A educação é algo dinâmico, que lida com as diferentes situações da vida e prepara as pessoas e a sociedade para interagirem de forma colaborativa e harmoniosa com o que se apresenta.
Nesse sentido, cada vez mais a educação que privilegia as diferentes dimensões do ser tem se tornado fundamental, e, por isso, ocupa, atualmente, vários espaços, seja em instituições de ensino ou não (formal e informal), de forma presencial ou a distância, demonstrando a relevância da formação dos indivíduos.
A proatividade, a criatividade e as habilidades emocionais são exemplos de elementos fundamentais para a educação do século XXI e demonstram que a transmissão de informações não bastará para que os indivíduos se posicionem em um mundo cada vez mais desafiador.
Há que se compreender, portanto, que ambas – educação e ecologia – trabalham em prol da vida e com ela atuam.
A humanidade necessita se educar para viver de forma a reconhecer a importância da casa que habita, ao mesmo tempo em que a ecologia, a todos os momentos, abre espaço para lições que transcendem os meios formais de educação, possibilitando, assim, uma educação para a vida, contemplando as várias dimensões dos seres humanos e a inter-relação entre todos os seres.
* Engenheira civil, consultora e autora de livros técnicos para EaD nas áreas de Engenharia, Sustentabilidade e Educação. Facilitadora do curso “Educação e Ecologia: reflexões e práticas para o bem viver”.