Antônio Cirino*
A sustentabilidade não é só um tema que está em moda nas ações de marketing das organizações. É a única forma de pensarmos na perenidade da sociedade. Repensar as práticas individuais e coletivas torna-se, então, fator essencial visando à continuidade da humanidade.
Considerando que as empresas têm impactos específicos para o meio ambiente e para o convívio social e econômico, elas devem se estabelecer como um espaço profícuo para a disseminação de uma nova consciência voltada a reconstruir os modos de produção e, ainda, servir como disseminadoras deste tema.
Mas como transformar a organização em que você atua para ser sustentável? Entre as várias ações necessárias, vamos conversar de modo específico sobre a comunicação. A implantação de uma cultura de melhoria de processos e desenvolvimento das pessoas para um futuro ambiental, social e economicamente responsável exige um efetivo planejamento comunicacional, utilizando de ferramentas próprias para essa estruturação.
Tudo começa com a edificação do planejamento estratégico empresarial. Ao declarar, em sua identidade organizacional (missão, visão, valores e propósito), temas que sejam coerentes às práticas de sustentabilidade, a empresa proporcionará a validação necessária para estes assuntos tornarem-se prioritários na agenda dos líderes e colaboradores. Isso se desdobra na identidade visual e no branding da instituição, com uma marca forte e que declare formalmente seu papel responsável para a sociedade.
A partir disso, a elaboração de um plano de comunicação fundamenta qual o objetivo com essas ações para a mudança de cultura; os públicos internos e externos a serem engajados; os meios, os canais e as estratégias a serem utilizados; bem como o argumento que será trabalhado – de que forma a sustentabilidade se alinha à marca, por exemplo. Ao formalizá-lo, sua execução mensal deve ser acompanhada pela alta direção da organização, promovendo possíveis ajustes e melhorias no escopo das campanhas e peças divulgadas. Ressalta-se que ações de responsabilidade socioambiental são bem-vindas, contribuindo para expandir a melhoria de comunidades e o meio ambiente no qual a organização está inserida.
Comunicar a sustentabilidade perpassa a mudança da mentalidade interna da empresa, com novas práticas e posturas diárias que podem ser fortalecidas por meio de sensibilizações comunicacionais, devendo ter investimentos próprios que, em médio e longo prazos, também serão autossustentáveis pelos impactos em reduções de desperdícios e na ampliação da participação no mercado e na mente dos públicos.
Sendo assim, longe de ser apenas mais uma campanha temporária, a sustentabilidade passa a integrar a estratégia prioritária da marca, pautando novas discussões e modificando o cenário no qual está inserida. Neste sentido, se o local em que você trabalha ainda não tem a sustentabilidade como um valor essencial e atua com um plano de comunicação efetivo, aliado às políticas ambientais e de comunicação estratégica, chegou a hora de colocar isso na pauta e acompanhar as grandes marcas nessa jornada inevitável e crucial.
* Comunicólogo, gestor de qualidade, professor e pesquisador. Doutor em Comunicação e Sociabilidade, com pós-doutorado em Comunicação e Cultura . Autor do livro “Gestão da Comunicação Hospitalar” e coordenador científico do “Manual do Gestor Hospitalar”, volumes 1 e 2.