Na próxima quarta-feira (9), às 15h, acontece na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, o “Ato Pela Terra”. O evento tem por objetivo pressionar as autoridades contra a aprovação de um pacote de projetos de leis responsáveis por impactar direta e irreversivelmente a Amazônia, os direitos humanos, o clima e a segurança pública. O ato já tem participação confirmada de vários artistas, como Caetano Veloso, Maria Gadú, Seu Jorge, Nando Reis, Bela Gil, Christiane Torloni, Letícia Sabatella, Bruno Gagliasso, Lázaro Ramos e Natiruts. Movimentos e organizações da sociedade civil, entre elas o Instituto Alana, também se juntarão à mobilização e assinam a carta de convocatória para o Ato.
O Instituto Alana, em parceria com o grupo Famílias pelo Clima, participa do evento com a campanha global “Livre para Brincar lá Fora”, que procura conscientizar sobre os impactos negativos da poluição do ar, que afeta especialmente a saúde e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Para simbolizar esse inimigo invisível que, no Brasil, é em parte advindo das queimadas, será instalada uma bolha cinza gigante na frente do Congresso Nacional.
O ar poluído é responsável pela morte de pelo menos 600 crianças menores de 5 anos a cada ano em nosso país, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos anos, os incêndios na floresta ligados ao desmatamento aumentaram nossas emissões anuais de CO2 em 21%, segundo o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
No mundo, hoje, 93% das crianças respiram ar com níveis de poluição acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, o que faz da poluição do ar a segunda maior ameaça à saúde pública após o Covid-19. Também segundo a OMS, a poluição mata meio milhão de crianças de até 5 anos no mundo.
As crianças, por ainda estarem em desenvolvimento, respiram mais vezes por minuto do que um adulto, inalando mais poluentes, que provocam problemas como asma e complicações pulmonares, além de danos ao desenvolvimento físico e cognitivo ao longo de toda a vida. Há, ainda, evidências científicas de que a exposição de gestantes e bebês à poluição eleva o percentual de morte fetal e agrava o risco de mortalidade infantil. Essas informações mostram o quanto o debate sobre este tema é urgente para a nossa sobrevivência, já que somos impactados pela poluição do ar desde o início das nossas vidas.
Tópicos que podem ser abordados:
- A instalação da Bolha Cinza é uma forma de dar visibilidade à urgência do tema da poluição do ar e de engajar a população sobre a importância de medidas para conter as queimadas e manter a floresta em pé;
- Crianças e adolescentes, mesmo nas cidades, são os mais afetados pela poluição do ar, que em nosso país decorre em grande parte das queimadas. A floresta em pé gera ar puro para todas as crianças;
- Não existe vacina para evitar os problemas decorrentes da poluição do ar, como parto prematuro, baixo peso ao nascer, asma, complicações pulmonares e problemas no desenvolvimento físico e cognitivo. Por isso, é fundamental fomentar um movimento construtivo, para que se tomem medidas urgentes sobre o problema;
- A maior parte das cidades brasileiras sequer têm um sistema para medir a poluição do ar, ou políticas públicas eficazes para mitigá-la;
- Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, alagamentos e secas estão conectados com a emissão de poluentes que provocam o aquecimento da Terra. É importante propor uma reflexão sobre a nossa responsabilidade e sobre a urgência de garantir o que rege o artigo 225 da Constituição Federal que diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
- Dar visibilidade ao Decreto-Lei 1.413, de 1975, que é o primeiro marco legal de controle de poluentes no país e debater sobre o PL 10.521/18 (Política Nacional de Qualidade do Ar), o Proconve-8 e o investimento na redução das queimadas;