Em entrevista para o Instituto Trata Brasil, o ator global alerta sobre condições precárias do saneamento e ressalta importância de conscientizar a população
1 – Ativista ambiental, você é engajado nas causas em prol da conservação e proteção do meio ambiente. Em que momento na sua vida, você começou a entender sobre a importância de ser ativo nessas questões?
Costumo dizer que fui criado como filho da natureza e não como dono do mundo. E isso já me faz diferente da maioria das pessoas na forma de pensar. Mas, foi há seis anos que eu mergulhei de cabeça nessa seara e usei da minha influência para gritar sobre o assunto.
2 – Por toda sua carreira de sucesso como ator, você é uma figura nacionalmente conhecida. Sendo assim, de que maneira você avalia o papel das figuras públicas para a conscientização da população sobre essas causas?
Vivemos na chamada “sociedade do espetáculo” onde tudo vira entretenimento. Portanto, os artistas acabam tendo uma voz política maior do que deveriam. Isso traz uma responsabilidade para tudo que a gente opina dentro e fora das redes. Não acho que seja obrigação do artista fazer nada além do seu trabalho, mas, sim, do cidadão, seja ele artista, engenheiro, mecânico hidráulico, médico, motorista etc.
3 – Você vive uma vida sustentável e busca ser consciente nas mais diversas esferas do seu cotidiano. Como você começou a adequar esse estilo de vida no seu dia a dia?
Infelizmente não sou 100% sustentável porque a nossa forma de viver nesse mundo me impede de sê-lo, mas, sem dúvida, faço e penso muito mais do que a grande maioria. Costumo dizer que um gesto muda. Foi a partir do meu primeiro gesto de recusar canudos plásticos lá em 2017 que alguma chave na minha cabeça girou e, a partir de então, fui multiplicando minhas ações sustentáveis de forma natural, movido apenas pela minha consciência ambiental. Hoje, faço compostagem, tenho placas solares, reuso a água da chuva, separo meu lixo, repenso as empresas das quais vou consumir, não saio de casa sem garrafa d’água e sacolas retornáveis…além de estar sempre repensando o meu consumo do dia a dia.
4 – A educação é uma das grandes ferramentas para a mudança. Pai de dois filhos, você busca abordar sobre a educação ambiental com eles? De que modo você avalia a importância de fomentar essas questões com as crianças?
Certa vez eu fiz uma live com um professor e o indaguei: “O sr. não acha que educação ambiental deveria ser uma matéria nas escolas?”. E ele me respondeu: “Não. Creio que o meio ambiente deve fazer parte de todas as matérias”. E é assim que eu vejo. É através das nossas atitudes que sensibilizamos quem está do nosso lado. Não só a família e os amigos, mas, no meu caso, também as pessoas que curtem o meu trabalho e me seguem nas redes sociais. No dia a dia, na minha casa, a questão ambiental está sempre sendo trazida naturalmente.
5 – Entre as causas que você atua, uma delas é o saneamento básico. Como você definiria o que é saneamento básico na vida das pessoas?
Saneamento básico é saúde, é economia, é bem-estar…Portanto, é básico em uma série de quesitos e deveria ser para todo mundo. O fato de no nosso país termos metade ou quase metade dos lares sem saneamento é um alerta vermelho já para o nosso presente. O que dirá para o futuro.
6 – Conte um pouco de como você conheceu o Instituto Trata Brasil.
Conheci o grande trabalho do Trata Brasil graças ao trabalho do seu ex-presidente Edson Carlos, que, gentilmente, participou de um mutirão que eu organizei com artistas em 2017. Tenho muito respeito pelo instituto e somos parceiros.
7 – Separando o Mateus ator, do Mateus cidadão, que recado você deixaria para outros cidadãos que buscam lutar pelo acesso digno dos serviços básicos?
Não esmoreçam! Encontrem outras pessoas que também estão lutando nessa mesma luta pelo saneamento. Creio que as ODS são os grandes pontos de encontro para os defensores de um futuro melhor.